Friday, October 13, 2006

Geek

O tempo continua a passar... umas vezes mais depressa, umas vezes mais devagar. Para preencher esse tempo, nao me faltam ideias e actividades. Esta experiencia de segunda metade de MBA e curiosa... trato o meu tempo com o maior carinho possivel, tentando aproveitar para dormir e fazer outras coisas que ficarao fora do meu alcance quando regressar ao trabalho: rugby, playstation, passar a manha de pijama. No entanto, nao consigo deixar de ansiar pelo dia 9 de Dezembro, quando re-encontrarei um jovem que duvido que ainda se lembre da minha cara.

Entretanto, cairam ontem os primeiros farrapos. O S. Pedro deste lado do Atlantico brindou-nos com uma descida de 20 graus entre Domingo e Quinta. (vide
Weather). Enfim, mais uma razao para me enfiar no meu bunker feito bicho do mato.

Mas a verdadeira razao deste post prende-se com um dos meus divertimentos quando me encontro fora do pais: explorar a minha "Portugalidade" e tentar compreender o que nos faz diferentes das outras pessoas. O meu periodo na Alemanha abriu-me os olhos para muitas coisas, e esta estadia nos US ainda me abriu mais. E, alem de coisas obvias como a lingua ou mesmo o clima (causas ou consequencias? discussao para outro dia), descobri um site que me despertou inumeros pensamentos e questoes:
http://www.worldvaluessurvey.org/ Os nossos valores sao a nossa espinha vertebral, o nosso mais profundo ser. Com isso em mente, nao posso deixar de ficar chocado com a seguinte imagem:

Sera que somos de facto Latino-americanos nos nossos valores? Sera que efectivamente o desenvolvimento escandinavo com que todos sonhamos nos esta vedado por uma questao fundamental e estrutural como os nossos valores? O meu lado racional leva-me a crer que estas duas questoes tem uma resposta afirmativa. No entanto, tenho algumas duvidas em relacao a nossa posicao no mapa... acredito piamente que os valores que efectivamente vivemos nao se afastam muito dos Italianos e dos Espanhois. Este grafico perceptual baseia-se em afirmacoes e nao accoes, e a forma como vivemos os valores estara provavelmente a Noroeste do que o mapa mostra. Isto demonstra a nossa mais que proverbial tendencia para nos queixarmos do resto do mundo em vez de apontar os dedos para nos mesmos.

Mas a minha verdadeira reflexao dirige-se ao seguinte facto: se andamos a perseguir um modelo Escandinavo, que accoes teremos de tomar para ajustar os valores que vivemos? Uma sociedade tao baseada na responsabilizacao individual e no civismo nao funciona em Portugal. Se estes valores sao virtualmente imutaveis, o modelo escandinavo esta fora do nosso alcance. Assim sendo, qual o nosso objectivo como Sociedade? Que ajustes serao necessarios ao modelo bem sucedido desses paises? Eu tenho uma teoria... e vou arriscar lanca-la para ouvir nos comentarios insultos, amens, duvidas, correccoes.

A nossa sociedade conseguiria replicar um modelo semelhante ao escandinavo se tivesse um modelo de vigilancia/controlo extremamente apertado. Policiamento e Justica mais eficazes poderia eventualmente colmatar o nosso prodigo defice civilizacional. Se soubessemos que pisando o risco a sociedade punir-nos-ia, o nosso comportamento permitiria o desenvolvimento economico e a correcta gestao da cousa publica. Esta verdade tambem se aplica aos Tribunais, onde se observa o ascendente da forma sobre a substancia. Ou seja, os factos perdem-se num emaranhado processual que serve os interesses corporativos de quem da Justica vive.

Pois e, a minha teoria passa por transformar Portugal num estado quasi-Policial. Sera a solucao? Ou sera melhor ajustar as nossas expectativas e estrategias, definindo um modelo diferente do Escandinavo como objectivo? Nao tenho certezas, mas acho um debate bem mais importante do que MIT's, Defices, cortes de custo...

Bem, agora batam-me...

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Ainda ninguém disse nada... vou ser então o primeiro.

Estou de acordo quanto à nossa posição no mapa não ser a real, e que estamos na verdade mais perto de Itália e Espanha em termos de valores.

Agora quanto ao estado policiado...
O modelo escandinavo não é de todo o ideal para nós. Não penso também que tentemos assim tanto perseguir esse modelo, ou melhor, acho que já sonhámos mais com ele do que actualmente.
Transformar Portugal num "estado policial" é um pequeno passo para abusos de poder e uma outra ditadura. Se por um lado a ideia é boa no papel, por outro lado temos de ter em mente que nem todos agem segundo as regras e em Portugal até se orgulham de fugir às regras.

Acho que temos de ajustar as nossas expectativas e esquecer o modelo norte-europeu.

Crispim (do defunto Universidade Radar)

13:10  

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