Thursday, November 17, 2005

Passa o tempo devagar

Chegou o frio. Numa semana, o tempo transformou-se e os termometros baixaram aos -10 Celsius (20 Fahrenheit). Como aficionado do Weather Channel, dei por mim a ver hora a hora a evolucao do tempo, e vi os anuncios de neve transformarem-se em pequenos flocos a cair na minha janela. No entanto, eram tao pouquinhos que nao foram suficientes para deixar tudo branquinho. Mesmo assim, deu para ver a utilidade do meu novo casaco, adequado para estes frios.

Adoro a conversa do tempo. E absolutamente inutil. E mais uma constatacao da nossa pequenez, da nossa igualdade face aos elementos, do nosso amor pela existencia. Quem nao gosta de comentar o sol magnifico de um dia de Novembro ou a chuva quente de Verao? No entanto, nao ha comentario mais inutil, todos vemos o tempo, ninguem pode muda-lo. Ha poucas conversas assim, em que todos observamos o mesmo, concordamos, e, mesmo assim falamos nisso.

Ha muitas outras conversas que deviam ser assim. A ingenuidade e inocencia da nossa condicao dever-nos-iam orientar nas nossas relacoes e por para tras todos os nosso preconceitos ou eventuais interesses camuflados numa relacao. Mas nao e assim. Todos temos a nossa agenda bem interiorizada.

O MBA ja nao e a universidade. A ingenuidade e boa vontade no relacionamento desapareceu, ha um objectivo claro em rentabilizar o investimento, e cada momento e usadonesse sentido. Sou um observador previlegiado deste facto. Nas conversas iniciais, o meu activo "nacionalidade" revela-se de muito pouco interesse para a maioria dos meus interlocutores. A maior parte repara com rapidez a pouca utilidade do meu contacto no seu valor como Network. Mas depois, se a conversa avanca, quando revelo o meu empregador anterior, nota-se uma transformacao de atitude e os ouvidos mudam... tornam-se mais atentos e curiosos. Quem nao tem vontadinha nenhuma de falar nisso sou eu... e eles viram as costas novamente ao ver que nao faco uso disso. Um colega meu disse uma vez: "You don't look like a (o nome da companhia) kind of guy... They are mostly pen-pushers and you look more down to earth." Fiquei cheio de orgulho com este comentario, pois e exactamente como me sinto :)

A conclusao que tiro deste comportamento e que a minha geracao especifica (formados em 2001 ou 2002) viveram fortes dificuldades na carreira, em especial nos EUA, onde o recrutamento foi reduzido de forma expressiva, e isso nota-se no apego ao desafio e na vontade em ser bem sucedidos. Humanamente, e um comportamento discutivel. Economicamente, vai ter resultados optimos a medio prazo. Aposto que sera das geracoes mais bem sucedidas. Digo isto porque mesmo os meus colegas de Kellogg de 2o ano reconhecem que o meu ano anda a "over doing it".

Chill out, relax. Nao voltaremos a ser estudantes tao cedo :)

1 Comments:

Blogger Ana Rangel said...

Bem verdade... estes dois anos são para aproveitar da melhor maneira. Depois... sabem bem o que vos espera! :D

(aqui deste lado estão 13 graus... queremos o frio!)

12:01  

Post a Comment

<< Home

Web Counter
Transeuntes equivocados